quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Marie Antoinette


Sempre fui uma pessoa exagerada, nunca foi comedido. Adoro dramatizar minhas histórias para que fiquem fabulosas, ou abusar de opiniões pessoais, dizer que amo isso e detesto aquilo.

Bom, como vocês vêem, isso é um exagero. Entenderam? =D

Ok, momento idiota à parte, o que quero dizer é que o filme em questão me apaixonou tanto que fui assisti-lo três vezes no cinema, e ainda tenho os ingressos guardados de lembrança.

Ele é muito importante para mim em diversos aspectos; primeiramente porque foi lançado em abril do ano passado, e 2007 foi um ano marcante na minha vida. Os primeiros meses dele foram de uma turbulência que nunca antes tive; afinal, já estava com uma idade relativamente adequada para sair com freqüência, ter consciência dos meus atos e conseqüências, coisas que não tinha quando morei aqui primeiramente (pra quem não sabe, morei 8 anos em Petrópolis, depois vim para cá e fiquei por 4 anos, voltei para Petrópolis por dois anos e vim de novo. Sim, um vai-e-vém incrível), já que era bem pequeno.
Além disso, a excitação de poder sair para mil lugares imagináveis na 'imensidão' do Rio (se comparada ao centrinho petropolitano, é um muundo de possibilidades), meus grandes amigos por perto, a independência que minha mãe sempre deu. Tudo isso junto num momento que já é grandioso por natureza, na vida de qualquer adolescente. Portanto, foi um período bastante frenético, esses 12 meses de 2007; senti a urgência de recuperar o tempo de diversão desperdiçado em petrópolis, e saí para mil lugares aqui. E o Vestibular parecia tão longe! E as coisas tão possíveis, tão perto..





Em Maria Antonieta, o que Sofia Coppola menos quis foi criar uma cinebiografia de uma personagem emblemática da História Francesa (e mundial). O filme trata de mostrar a árdua vida da rainha que, casada aos 15, teve na não-consumação da união com Luís XVI um problema enorme, principalmente diplomático; afinal, o casamento poderia ser anulado, representando a quebra de aliança da Áustria (a rainha era desse país) com a França. Além disso, a esnobíssima corte francesa, que não poupava a rainha de boatos, mentiras deslavadas e difamações.
Ok, parece uma biografia até agora. No entanto, o que a diretora pretende mostrar é o sofrimento psicológico da rainha; e, principalmente, o quão difícil pode ser uma vida que aos olhos do mundo inteiro, foi a mais fácil que um ser humano jamais poderia ter.

E é aí que está o grande charme e significado do filme. A trilha sonora, insanamente boa, mistura os cravos de Vivaldi com as guitarras do Strokes, passando pela bateria do The Cure. No fundo, acaba que o que menos a Sofia Coppola pretende é retratar Maria Antonieta; esta acaba sendo uma metáfora para a juventude moderna. Pequenos e grandes elementos, num conjunto, retratam isso; começando pelas músicas contemporâneas, que é uma referência óbvia; assim como o aparecimento de um All Star roxo numa das cenas de consumismo da rainha (que foi interpretado pelos afobados como um erro gravíssimo de filmagem, quando na verdade foi mais uma referência óbvia à cultura pop). Em falar em consumismo, é a isso que se resume a vida de Antonieta quando seus objetivos não são alcançados; ela joga, compra, bebe, fuma, conversa. E quando cansa, vai pro Petit Trianon, com amigos.

Parece fácil, mas é difícil. Uma das sensações mais angustiantes que existe é o momento em que você para e percebe que nada te falta; e a infelicidade é enorme. Até a Alanis retratou isso em Offer, sua música do cd Feast on Scraps. É a dor de não ter dores.

E a ligação forte que tenho com esse filme, além de retratar de uma forma única a nossa sociedade podre e fútil de hoje, que de nada se diferencia daquela do século XVIII, a não ser pelos iPods e celulares, é o fato de representar o que vivi nos primeiros meses do ano passado. Vivendo, gastando a mesada, saindo, sentindo-me livre e justamente preso por essa liberdade. Foi uma época muito feliz; significou muito, mas só poderia ter ocorrido naquela época, naquele momento, nem antes nem depois. Cheguei a pensar que não havia problema em ser fútil, mas por conclusões pessoais, descobri que há sim; a infelicidade inconsciente está completamente relacionada.

Recomendo a todos esse filme. É maravilhoso de asisstir, tanto como divertimento, tanto como um filme sério e maduro. E é um dos raros que permite essa versatilidade. Para todos aqueles que têm sensibilidade aguçada - todos os leitores do blog - sei que sentirão uma sensação de vazio quando o filme acabar. Será que é nesse vazio que vivemos? Sem emoções sinceras, apenas falsas, prentensa cultura, quando na verdade são idiotizações massificadas, sem amor, quando na verdade fingimos apenas carinho? Talvez.
Taí o individualismo a que cada vez mais nos cercamos.

2 comentários:

Arthur disse...

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Gabriella Orlani disse...

já viu Breakfast at Tiffany's com a Audrey?
Ela é maravilhosa!