sábado, 8 de agosto de 2009

Cul-de-Sac

Quando Roman Polanski primeiramente apareceu, ele fazia parte de um grupo de teatro, até ter uma certa notablidade no primeiro filme da "Trilogia da Guerra" não-planejada de Andrej Wajda. Em Kanal, Roman já daria mostrar de que sua expressividade na tela não viria apenas por meio da atuação, mas por trás também de quem atua.

Ganhou fama internacional ao dirigir o filme de terror "O Bebê de Rosemary", com Mia Farrow no auge de sua carreira, lançando tendências no mundo com seu cabelo curtinho e estiloso. Mas o filme não deu apenas um 'up' na moda - Roman provou que o gênero terror pode se manifestar no campo do psicológico, aquele que apresenta os maiores monstros, os fantasmas da mente - e não necessariamente através de criaturas horrendas e desfiguradas (basta lembrar que até 1968, ano de lançamento dessa obra-prima, o mundo já tinha visto umas trinta mil adaptações de Drácula e Frankenstein).
Roman apavorou gerações com o demoníaco filho de Rosemary - e ainda há quem jure ter visto seu rosto em determinadas partes do filme. Poderíamos dizer que ele foi o pai do terror psicológico - assim como anos mais tarde, Williem Friedkin seria a mola propulsora do terro explícito com 'O Exorcista'.


Recentemente, o filme 'O Pianista' também fez sucesso ao redor do globo - com as impactantes cenas de crueldade nazista, o intenso teor dramático e a atuação sublime de Adrien Brody, que consagrou-se após o lançamento do longa.

Pouco antes de Rosemary's Baby, Roman fez uma obra fantástica chamada 'Repulsion' - Repulsa ao Sexo, com uma Catherine Deneuve linda e numa obra estranha, inovadora como sempre e muito intrigante. No filme, ela interpreta uma mulher que se esquiva de todos os homens que a paqueram - e a partir de então, passa a ter estranhas alucinações no apartamento que mora. Foi o primeiro filme de terror que Roman fez, talvez no experimentalismo posteriormente formalizado em Bebê de Rosemary.

Roman ainda fez filmes digníssimos de atenção, como Chinatown - com Faye Dunaway também no auge da beleza e Jack Nicholson, num filme noir memorável. 'Lua de Fel' tem fãs apaixonados, com roteiro dramático e único.
Fez ainda uma respeitada adaptação de 'Macbeth', de Shakespeare.

Polanski conseguiu como ninguém imprimir a seus filmes uma marca inconfundível, em filmes às vezes difíceis de se penetrar, numa atmosfera muito particular do diretor. Cul-de-Sac, por exemplo, nos mostra claramente isso: uma trama de humor negro inusitada e muito original, que descamba pro dramático nos últimos 25 minutos.
Particularmente, não gosto de maioria de seus filmes. No entanto, é um dos maiores diretores de cinema ainda vivos - pelo menos da antiga geração de cinema, dos anos 60 - e que, apesar de ter se aventurado por diversos gêneros, nunca apelou para a facilidade dos filmes comerciais e manteve sempre suas características essenciais.

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