domingo, 27 de julho de 2008

Turistas




Recentemente, vi o filme Turistas, e adorei. Adorei porque adoro quando os estrangeiros falam do nosso país, sinto-me como se fosse conhecido, não desconhecido (há países que nós nunca ouvimos falar, e sinceramente, detestaria pertencer a algum desses, não há senso de identidade expansivo, não há reconhecimento ou apreciação), então esse foi o primeiro motivo por querer assistir esse filme.




Lembro-me que quando ele foi lançado nos cinemas brasileiros, ano retrasado, algumas entrevistas com o diretor foram publicadas em diversas revistas. Normal, caso fosse um Spielberg, um Schumacher, um Nolan. Mas a temática geral dos entrevistadores foi tentar decifrar porquê ele havia feito um filme tão monstruoso, violento, praticamente molestador da visão frágil que o Brasil já possuí no exterior.




Para quem não sabe, o filme é sobre um grupo de turistas jovens que procura diversão, cerveja barata, mulheres e praia bonitas aqui no Brasil. Quando um motorista irresponsável (brasileiro) acaba por destruir o ônibus (que cai morro abaixo), os visitantes são obrigados a hospedarem-se numa pequena aldeia. São roubados enquanto dormem e quando tentam procurar quem havia feito isso, são advertidos por um morador (num inglês medonho, mas que acaba virando amigo deles) para desistirem e fugir para a casa de seu tio, que é mais seguro.


Deparam-se com médicos que na verdade são serial-killers, já que matam turistas para retirar seu órgãos (tráfico de órgãos).




Digamos que o filme traz benefícios... diplomáticos para nós, já que foi o primeiro filme norte-americano a ser rodado inteiramente no Brasil. Teve um orçamento caro pelo que resultou, mas a polêmica foi o maior gruto gerado dessa saga assassina toda.




Convenhamos, falar que o filme fere a imagem do Brasil é patético. Primeiro que é um filme - e só isso - da mesma maneira que foi rodado no Brasil, poderia ter sido rodado na.. GUATEMALA (que aliás, a princípio era para ter sido lá. Mas os cenários naturais do Brasil são mais interessantes, o que atraiu a equipe de filmagem).


Se o problema fosse esse, o que seria de O Albergue então, que é mil vezes mais sangrento e é ambientado na Eslováquia? Então o país é feito só de assassinos e prostitutas? Pelo amor de Deus.




E afinal, sabemos que o Brasil é um dos países mais estúpidos ao se tratar de turistas. A quantidade de pessoas que são roubadas, assassinadas, esfaqueadas (alguém lembra daquela chinesa que recebeu facadas em plena Av. Atlântica por um pivete?) no país é absurda. Principalmente porque parece mais brutal matar alguém estrangeiro (tem até um sentido metafórico, já pensaram na xenofobia e aversão ao diferente?) do que da própria nação. Portanto, a desculpa de que trata o brasileiro como violento, selvagem e assassino é furada, já que é mesmo.




E quem é o brasileiro pra falar isso, já que só vira patriota em época de Copa do Mundo?


Enfim, a questão não é essa.




Ser criticado por falhas técnicas ou pobreza de roteiro ou atuações é uma coisa, criticar a obra por ter uma visão de horror das florestas brasileiras é outra.




Recomendo, só a título de curiosidade, não esperem um filme maravilhoso do gênero.

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